sábado, 30 de novembro de 2019

A FALSA GRAVIDEZ DA HIENA * Alba Valéria - GO

A FALSA GRAVIDEZ DA HIENA



            Era uma vez, havia uma floresta povoada com os mais diferentes animais, e todos  os bichos eram amigos uns dos outros e se davam muito bem.
            O Macaco era  um bicho humilde, sossegado , prestativo e todos gostavam muito dele, especialmente dona Coruja, que o amava como se fosse um irmão ( vale dizer que a Coruja tinha um enorme coração, desde que não fosse provocada nem enganada ).
             Certo dia, o Macaco conheceu Hiena, por quem se apaixonou perdidamente. Hiena é um bicho mesquinho, dissimulado e sonso, mas
 se mostrou como a melhor das criaturas.
              De repente, a notícia que dona Hiena estava grávida de gêmeas! Foi uma festa entre a bicharada, todos ficaram felizes pelo amigo Macaco. Dona Coruja, bem quista e amada por todos devido sua generosidade, hospitalidade e bom coração foi escolhida para madrinha, escolha esta aplaudida por toda a bicharada.

              Marcaram , organizaram e fizeram uma festança ( dona Coruja enfiou a mão no bolso sem pensar em economia ), um chá de fraldas onde muitos bichos compareceram atendendo ao convite de dona Coruja. Os presentes não paravam de chegar, entre eles um carinho duplo para bebês e saídas de maternidade, tão lindas e delicadas quanto os belos filigranas de seda pura das  teias tecidas pela senhorita Aranha ( presentes da madrinha Coruja ).
              De repente... Explode uma bomba! As irmãs do Macaco descobrem que a dupla gravidez  não passava de uma farsa da Hiena maldosa e sem escrúpulos, que ainda teve a cara de pau de sair dizendo ( juntamente com o Macaco, agora conhecido por  PAI DO VENTO ) que de uma hora para outra havia perdido as hienaquinhas, sem contudo apresentar os atestados de óbito.
               A madrinha enganada ficou possessa e exigiu explicações, além de pedir de volta os presentes que tinha dado, claro, ela havia dado para bebês que nunca exixtiram, e o Macaco, que não era tão verdadeiro nem tinha tão bom cárater como parecia, se voltou contra a ex comadre, esquecendo tudo que ela já fizera por ele, bloqueando e excluindo-a de seu círculo de amizades, inclusive de suas redes sociais.
               A  Coruja, , revoltada, deu queixa na polícia e encaminhou o caso à justiça. Muitos bichos tentaram dissuadi-la, mas ela se mostrou irredutível, pois quando quis conversar o Macaco só teve grosserias para lhe dizer, e apesar do coração bondoso, não queiram ver dona Coruja com raiva.  Macaco e Hiena agora vivem isolados e estão vendendo os presentes que ganharam dos outros bichos ( o certo seria devolver ). Dona Coruja segue com seu trabalho social de ajudar o próximo enquanto espera que Macaco e Hiena sejam notificados pela justiça, onde terão de dar explicações. E a bicharada?
              Cada um segue sua vida e nem sabem sabem como terminará essa sórdida historieta de estelionato acontecida aqui mesmo em nossa amada floresta.
               MORAL DA HISTÓRIA:
               não confie nem na risada de  Hiena nem na sonsice de Macaco.
               A vida que segue.

Alba Valeria - GO

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O LADRÃO DE CALCINHAS * Antonio Francisco Pereira - MG

O LADRÃO DE CALCINHAS

     Antigamente, nas cidades do interior, você tinha o ladrão de galinhas. Um personagem quase inofensivo, que virou folclore e não atemorizava ninguém. Agora, em seu lugar, apareceu nos rincões de Minas Gerais um personagem mais insólito: o ladrão de calcinhas.  Que eu saiba ele ainda não deu as caras em Queluzito, mas já espalhou o terror no Vale do Jequitinhonha. Primeiro na cidade de Capelinha e, mais recentemente, em Turmalina. Especialista em escalar os varais que ficam secando roupa no quintal das casas, ele já surrupiou mais de mil peças íntimas femininas. Uma senhora coleção, que faria inveja ao saudoso cantor Wando.
     Conforme descobriu a polícia local, a casa do larápio era um celeiro de calcinhas e sutiãs. Se fosse uma árvore de Natal, seria mais frondosa que a de Rockefeller Center. Mas ele preferia acomodar a maioria das peças debaixo da cama e no meio dos lençóis, para não perder o contato com a maciez e o perfume que emanava de todas elas, revelando, cada qual, uma história de intimidade e luxúria. Dormia abraçado com uma e acordava com outra, como se tivesse feito a maior orgia durante a noite. Aliás, quando foi detido, ele vestia uma delas, a sua preferida no momento: uma calcinha fio dental com regulagem e frente rendada. 
     A prisão do malfeitor tranquilizou boa parte das vítimas, que não precisaram mais dar explicações mirabolantes sobre o sumiço de suas lingeries. Explicar ao marido que a calcinha sumiu no varal implica o mesmo grau de dificuldade que o homem tem para explicar o batom na cueca. Não é fácil.
    Mas, infelizmente, eu acredito que essa tranquilidade das mulheres vai durar pouco. Com a decisão do nosso Supremo Tribunal de que, enquanto houver recurso não há cadeia, logo, logo, vai chegar um habeas corpus para liberar o apanhador de calcinhas do Vale do Jequitinhonha. E provavelmente ele vai querer recomeçar a coleção desses objetos de desejo. Já fez isso uma vez. 
    Então, aqui vai meu conselho a essas encantadoras mulheres de Minas: ou tirem a roupa do varal ou coloquem chip nas calcinhas. Melhor não arriscar.

   Antonio Francisco Pereira - MG

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

CORAÇÃO NÃO É GAVETA! * Autor Anonimo

CORAÇÃO NÃO É GAVETA!
O corpo fala!



❤ ... Engole o choro. Engole sapo. Cala a boca. Cala o peito. Mas o corpo fala, e como fala. Fala a ponta dos dedos batendo na mesa. Falam os pés inquietos na cama. Fala a dor de cabeça. Fala a gastrite, o refluxo, a ansiedade. Fala o nó na garganta atravessado. Fala a angústia, fala a ruga na testa. Fala a insônia, o sono demasiado.
... Você se cala, mas o falatório interno começa .
... As pessoas adoecem porque cultivam e guardam as coisas não digeridas dentro de seus corações.... Expressar tranquiliza a dor. Dor não é pra sentir pra sempre. Dor é vírgula. Então faz uma carta, um poema, um livro. Canta uma música. Pega as sapatilhas, sapateia. Faz piada, faz texto, faz quadro, faz encontro com amigos. Faz corrida no parque. Fala pro seu analista, fala para Deus, para o universo... se pinta de artista. Conversa sozinho, papeia com seu cachorro, solta um grito pro céu, mas não se cale. Pois “se você engolir tudo que sente, no final você se afoga” .

(Autor desconhecido)

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Os Machões não Lixam as Unhas * J. Estanislau Filho - MG

Os Machões não Lixam as Unhas

Bastião da Rosa ameaçou Fredim no Bar do Lalado,
por causa de suas unhas bem cuidadas.
- Caralho, Fredim, vira homem, seu merda. Homem que é homem tem unhas grossas, para arranhar a pele das mulheres.
- As unhas são minhas e faço delas o que quiser - respondeu Fredim.
- Isto é coisa de bicha - retrucou Bastião.
- Unha suja não significa masculinidade, Bastião da Rosa. Por trás do seu machismo esconde um marica, pau mandado. Caga de medo da Rosa.
- Quer que eu te encha de porrada? Viado agora é metrossexual.
- Não vou sair no braço com você, machão de ideias curtas. Precisaria rachar sua cabeça, pra ver se entra ideias que prestam.
E a coisa só não engrossou porque Lalado e a turma do "deixa-disso" acalmaram os espíritos exaltados.

J Estanislau Filho
(Cel Xavier Chaves)
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